segunda-feira, 14 de abril de 2008

Marão e Aboboreira


Fui ontem às Serras do Marão e da Aboboreira - não, não fui ver os monumentos megalíticos - para ver a paisagem e o potencial agro-ecológico desta área. Apesar do tempo um pouco chuvoso no inicio da tarde, vi paisagens lindíssimas. É impressionante como o Homem moldou a paisagem ao longo dos tempos e criou excelentes obras cénicas impossíveis de captar na sua plenitude com fotografias.

A fotografia acima mostra as medas a secar para futuras camas de gado. Abaixo, os montes de estrume mostram o último destino destes materiais: de cama de gado para a estrumação da terra. Faz-nos lembrar que o Homem, em tempos passados, vivia numa melhor harmonia com a natureza.


Lembrei-me agora de duas ideias de duas pessoas extremamente inteligentes, acerca do mundo rural português. Fernando Oliveira Baptista dizia há uns tempos no Museu Soares dos Reis que percebeu-se que o mundo rural havia mudado quando surgiram os primeiros caixotes de lixo nas aldeias, pois antes praticamente não se produzia lixo nas aldeias, tudo era aproveitado, reutilizado; até que se quebrou a harmonia. Por sua vez, a Prof. Teresa Andresen, numa aula de mestrado, há cerca de ano e meio, dizia-me que já não há mundo rural. A partir do momento em que os caixotes de lixo das aldeias têm exactamente o mesmo conteúdo que os da cidade, já não há mundo rural. É impressionante o que os caixotes de lixo nos podem dizer...

Deixa-nos a pensar.

Sem comentários: