quarta-feira, 23 de abril de 2008

Nick Cave no Coliseu


A nossa primeira ida ao Coliseu, e o primeiro concerto do feijão. Logo em grande, com o Nick Cave. Foi o nosso terceiro concerto de Nick Cave e o primeiro concerto (de qualquer artista) aqui no Porto. O homem continua uma máquina ainda que seja uma máquina claramente alimentada a produtos ilícitos (com tendência para a decadência). Paciência. O que interessa é que o concerto foi, como esperávamos, fabuloso. Nem o seu novo look de taxista/máfia de leste, com bigode a combinar com o cachucho no dedo, a camisa meio aberta com o crucifixo a pender, a escarreta para o chão e os gestos obscenos, nada disso impediu que o concerto fosse muito bom. Tal como no primeiro concerto, o ponto alto foi "Papa won't leave you Henry".

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Marão e Aboboreira


Fui ontem às Serras do Marão e da Aboboreira - não, não fui ver os monumentos megalíticos - para ver a paisagem e o potencial agro-ecológico desta área. Apesar do tempo um pouco chuvoso no inicio da tarde, vi paisagens lindíssimas. É impressionante como o Homem moldou a paisagem ao longo dos tempos e criou excelentes obras cénicas impossíveis de captar na sua plenitude com fotografias.

A fotografia acima mostra as medas a secar para futuras camas de gado. Abaixo, os montes de estrume mostram o último destino destes materiais: de cama de gado para a estrumação da terra. Faz-nos lembrar que o Homem, em tempos passados, vivia numa melhor harmonia com a natureza.


Lembrei-me agora de duas ideias de duas pessoas extremamente inteligentes, acerca do mundo rural português. Fernando Oliveira Baptista dizia há uns tempos no Museu Soares dos Reis que percebeu-se que o mundo rural havia mudado quando surgiram os primeiros caixotes de lixo nas aldeias, pois antes praticamente não se produzia lixo nas aldeias, tudo era aproveitado, reutilizado; até que se quebrou a harmonia. Por sua vez, a Prof. Teresa Andresen, numa aula de mestrado, há cerca de ano e meio, dizia-me que já não há mundo rural. A partir do momento em que os caixotes de lixo das aldeias têm exactamente o mesmo conteúdo que os da cidade, já não há mundo rural. É impressionante o que os caixotes de lixo nos podem dizer...

Deixa-nos a pensar.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

"Na vitória ou na derrota Hóquei Hóquei"


As notícias não são boas e ainda por cima vêm com atraso: o Hóquei Clube de Turquel perdeu um jogo decisivo no fim-de-semana passado. Foi na Maia contra o Nortecoope e, claro, eu e a Rita fomos ao pavilhão ver o jogo. Creio que a única boa notícia é que a Polícia deixou-nos entrar sem pagar quando, atrasados porque não conseguíamos dar com o pavilhão, entrámos por engano na porta errada e já estávamos entre a porta dos balneários e o ringue quando fomos direccionados para o sítio certo, sem pagar…
Como é natural, a claque do Turquel era composta por meia dúzia de gatos-pingados e eu e a Rita ficámos no meio de adeptos do Nortecoope. Tal não seria muito problemático se o jogo não tivesse sido tão entusiasmante, com o resultado incerto até perto do fim (perdemos 6-5), e se eu não tivesse que refrear um pouco a Rita que não se coibia de tecer alguns comentários pouco elogiosos a alguns elementos da claque adversária (que de facto eram um pouco chatos). Por exemplo: o adversário marcou um golo em clara falta que o árbitro não assinalou mas logo de seguida o Turquel marcou um golo em resposta – um golão – e diz a Rita em alto e bom som para a claque adversária ouvir: “vejam, isto é que é um golo a sério”. Esta moça não deixa de me surpreender, afinal não foi há assim tantos anos que ela me perguntou espantada, acerca do campeonato de futebol: “mas existem equipas a descer e a subir de divisão?”.
Mas perdemos e as esperanças de subirmos de divisão este ano terminam por aqui. Vamos então lutar pela melhor classificação. Força Turquel.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Há coisas que são iguais aqui no Norte

Sim, é verdade, há coisas em que o Porto não se distingue do Sul, em especial de Lisboa. Tive essa confirmação nas manhãs de ontem e de hoje. Onde? Naturalmente na Segurança Social. A única coisa que eu quero é uma informação, nada mais. Mas ontem por volta das 9H tirei uma senha na Segurança Social perto da rua Latino Coelho e tinha 50 pessoas à minha frente! Desisti. Decidi ser esperto e ir hoje mesmo, antes da abertura dos serviços, mas a fila era já enorme. Desisti novamente. Paciência, tenho de me safar de outra forma.

Nota mental: a Segurança Social é um agente uniformizador do país. Não há forma de escapar, temos sempre de esperar (ainda que em Alcobaça o tempo de espera fosse notoriamente mais curto).

quinta-feira, 6 de março de 2008

Luz

Desde que chegamos que esta cidade nos tem brindado com muito bom tempo. O sol e a luz têm facilitado a integração. A cidade fica mais bonita, nada do Porto escuro que estava habituada a ver e conhecia. Afinal, descobri que além dos granitos escuros também há uma variedade de azulejos coloridos e texturados que dá bastante cor à cidade.
Outra característica do Porto é a presença de clarabóias por todo o lado. E são lindas. Estas, apesar das fotos de fraca qualidade, são um bom exemplo e estão perto de casa.




Esta tem até a indicação dos pontos cardeais. É linda.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Reuniões

Reunião - eis uma palavra que tenho ouvido muito ultimamente. São 18H15 e esta ainda não começou... bom pretexto para desanuviar e escrever mais este post. Não fico amargurado com tantas reuniões, apesar de eu já associar o termo um pouco a tudo, até a uma simples conversa de trabalho num café.

Não sei a que horas vou chegar a casa, mas hoje em particular só sei que já gostaria de estar lá. Estou particularmente cansado hoje... mas o dever chama, e também sei que quando a troca de ideias começar eu até gostarei do serão.

Por ora, vou-me preparar um pouco mais.

O campo na cidade

Ou como trazemos as nossas memórias atrás.

Muitos de vocês já conheciam o nosso pinheiro. Aquele que está num vaso há quatro anos e que tem corrido as nossas casas desde Lisboa. Sim esse mesmo pinheiro que supostamente um dia iria ser plantado definitivamente num jardim lindo (porque seria o nosso) e iria crescer e fazer uma bela sombra no verão. Bem, passados uns anos... e dadas as circunstâncias talvez os planos tenham que se alterar um pouco. Acho que o pinheiro está cada vez mais um bonsai, ainda que muito mal jeitoso (mas muito amado). Um irmão deste está todo contente plantado no jardim dos pais do João e lá vai crescendo a todo o gas.
Pois é, pelos vistos para poder continuar connosco, e depois de muito termos pensado nas hipóteses, acho que vamos mesmo ter que abraçar essa arte oriental que consiste em conter crescimento e gerar harmonia. A ver vamos...

Entretanto... esta nova mudança impunha mais uma aquisição. Também oriunda da casa mãe lá veio um suposto freixo (que apareceu num canteiro entre as flores) que esta semana teve os seus primeiros rebentos. Está lindo, mas é estranho. Parece um pau seco com dois bracinhos verdes. Acho que toda a luz que inunda a casa vai ajudar, só nos cabe a nós colaborar.



Com ele veio também uma romanzeira. A quetão é que parece um pouco muribunda. No fim de semana estiveram cá em casa dois "especialistas" em bonsais. Enquanto um dizia que ia tudo correr bem e que ainda ia rebentar, outro abanava a cabeça e olhava para mim com pena. Acho que precisamos de uma terceira opinião. Mas continuo cheia de esperança. Acho que o que ele precisa é mesmo de mimos e muita atenção.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Polegarzinho

Ontem fomos ao auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garret nos jardins do Palácio de Cristal. O Teatro de Marionetas do Porto (cujo trabalho desconheciamos http://www.marionetasdoporto.pt/Paginas/comp.html) comemora este ano os 20 anos de actividade e tem neste momento em cena a peça POLEGARZINHO. A peça, pelo que percebi já é de 2002 mas é muito boa. A sala estava cheia de crianças, por ser domingo à tarde, o que deu uma atmosfera engraçada à coisa.
O cenário muito versátil e bem pensado, e o polegarzinho era lindo. Ficamos fãns.

Já agora não esqueçam que o Fantasporto começa hoje com o filme premiado ontem nos oscares "Este país não é para velhos" do irmãos Cohen.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Horóscopo: o Metro do Porto mais uma vez

Sim, o Metro do Porto mais uma vez... e mais uma vez as projecções incessantes da estação da Trindade, esse grande interface desta simples estrutura. Desta vez sinto-me na obrigação de tecer algumas considerações acerca do Horóscopo da Maya (ou será mesmo Maia?) que passa todos os dias - e pressumo que todo o dia - entre as noticias e outros conteúdos.

Eu não sou, por norma, um leitor e muito menos um crente na astrologia, e mesmo que fosse, o horóscopo, tal como surge nas revistas... ou no Metro, seria a última coisa que eu levaria a sério. Então o horóscopo do Metro resume-se a três frases acerca de trabalho, amor e... não me lembro do resto, tal é o meu interesse na coisa. De qualquer forma, fazendo parte do grupo de pessoas que nada mais tem para fazer quando está à espera do Metro, por vezes vou espreitando a projecção na parede esperando para ver o que diz o horóscopo acerca do meu signo: Gémeos. E sinto-me frustrado e desprezado, afinal não só a minha terra de origem foi obliterada do mapa como o meu signo foi banido do Metro. Depois de Touro, começa por surgir a palavra "Gémeos" mas para logo desaparecer numa fracção de segundo (nesta parte não estou a exagerar), não permitindo ver nada. E isto acontece constantemente, sim, constantemente. Em duas semanas, passando quase diariamente nesta estação nunca consegui ver o que os astros me têm reservado. Acontece sempre o mesmo, vejo o meu futuro a desaparecer numa fracção de segundo.

Ora porquê? Porquê?

O que tem a Maya/Maia ou o Metro contra mim e os meus semelhantes que são do centro-sul e de signo gémeos? Isto é levar ao extremo as opiniões de umas quantas pessoas crentes na astrologia - sim eu já contactei com algumas - que têm uma pequena aversão a este signo e aos seus nativos, porque "têm duas caras" e "não são de confiança", seguido de um "bem me parecia que eras Gémeos", quando não gostam particularmente de mim, ou de uma cara de surpresa quando até gostam de mim mas vêm-se forçadas a rever essa situação por saberem que sou Gémeos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O metro do Porto


Ora bem!! as minhas aventuras no metro do Porto. Que não são muitas, é certo, mas já me ri bastante.

Primeiro é preciso explicar-vos que a "coisa" que aqui faz toda a gente movimentar-se é o ANDANTE. É isso mesmo, o Andante. Este pode vir em forma de bilhete ou passe mensal. Até aqui tudo normal. Depois deixem-me dizer que o metro está dividido em 70 000 zonas e tens que ter muita atenção, ou não vás passar para uma zona que não deves sem pagar a respectiva "portagem". Acreditem, para quem já andou em alguns metros de capitais europeias, o metro do Porto pode ser complicado!

A questão passa pelo bilhete. Já estava farta de me questionar porque é que cada vez que ia tirar um bilhete pagava 1.40euros em vez dos 0.90euros afixados em todo o lado. Não podia acreditar que estava a ser enganada por uma instituição pública credivel como é o metro do Porto, mas afinal estava só a ser muito estúpida. Alguns andantes depois e após a explicação de uma habitante local amiga e piedosa lá percebi que os benditos andantes são reutilizados. Temos que recarrega-los com viagens (que essas sim custam 0.90e). Será que era pedir muito que isso estivesse explicado nas bilheteiras. É que assim nós, os "estrangeiros" como nós podiam usufruir em pleno da magnífica rede de transportes.

Mas o que é mesmo, mas mesmo lindo no metro do Porto é que (apesar de ser um sistema sem portas) ... de cada vez que entras nas estações ou trocas de linha tens que validar o Andante. O que significa que... certa vez estes vossos amigos deixaram passar a estação de saída. Logo tiveram que subir três grandes lanços de escadas, ir ao interface do metro com a rua e validar novamente o bilhete, voltar a descer os mesmos três lanços de escadas e esperar pelo metro. E o burro sou eu???

De qualquer modo, mesmo com esta minha resinguice, somos sempre bem recebidos em todo o lado.









quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cilindro eléctrico

"Termoacumuladores eléctricos, também chamados cilindros eléctricos, são depósitos de água com uma resistência eléctrica no seu interior."

Nesta casa agora é assim.
Pelo que sei é prática comum no Norte de Portugal, desde que o antigo senhor implementou o plano de electrificação do país e começou a distribuir equipamento eléctrico como incentivo ao consumo da energia produzida pelas barragens.
Sempre tive uma relutancia em relação a este modo de aquecimento da água doméstica. Primeiro porque funciona a electricidade, e sempre achei que água e electricidade não vão bem juntos, depois porque sempre ouvi falar de rebentamentos de cilindros, e acho que não deve ser muito agradável levar com umas litradas de água a ferver em cima. Finalmente porque as minhas anteriores experiêncisa com cilindros levavam sempre a banhos tépidos a atirar para o frio no final. Concluindo...não estava (e ainda não estou) muito contente com a ideia de conviver com um "bicho" destes em casa.
No entanto, este surpreendeu-me. Os banhos, até ao momento, têm sido quentes e constantes, sem quaisquer sobressaltos do tipo "porra que está gelada". A ver vamos as contas da electricidade no final do mês.
Estamos ainda no processo de aprendizagem com este electrodoméstico, e sempre abertos a conselhos e ensinamentos. Entretanto encontrei alguns foruns onde se discutem as formas de aquecimento de águas domésticas e há quem diga que:

Vantagens:
- Os cilindros são baratos
- Os cilindros são extremamente fiáveis (são aparelhos muito simples)
- Seguros
- Não requerem tanta potência instantânea, e por isso n precisas de contratar muita potência à EDP (logo menor custo mensal)
- Dispensam a contratação adicional de gás (menos um custo, menos uma mensalidade)
- Permitem ter água quente com pouco caudal de água (evita desperdícios de água e energia)

Desvantagens:
- Demoram uma hora +/- a aquecer a água
- Limitam o número de banhos consecutivos (depende da "ganância" de água de cada utilizador)
- forma mais poluente de aquecer água (emissões de gases de efeito estufa resultantes da produção de electricidade)
- água não tem uma temperatura constante durante a utilização

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Meteorologia deste país

Parei ontem na estação do metro de Trindade para comprar o passe Andante - digo desde já que gosto bastante deste nome. Já com o passe, esperava pelo metro para vir para casa e, entretanto, ía olhando para as imagens que passavam na parede junto ao túnel. Quando passou a informação de meteorologia não pude deixar de esboçar um sorriso: via-se uma imagem parcial de Portugal com pequenas nuvens, acompanhada por uma listagem de cidades e valores de temperatura. O sorriso deveu-se ao simples facto de o ponto mais a Sul representado tanto no mapa como na listagem de localidades ser Coimbra!

Na Sexta-feira vou visitar familia e amigos a Lisboa, Rio de Mouro e Alcobaça, espero que esses sítios ainda existam... agora estou na dúvida. Talvez as alterações climáticas e a subida das águas do oceano tenham começado a fazer das suas! Tenho que começar a ver o Telejornal de forma mais assídua.

Porto finalmente!

Caixas. Caixas. Caixas. É esta a primeira imagem do Porto, ou pelo menos da nossa casa. Mais uma vez e para não variar, invés de despachar as arrumações todas de uma só vez... estas prolongam-se. E as coisas estavam tão bem arrumadas na carrinha que usámos nas mudanças!

Confesso que, apesar de virmos com a mente aberta para tudo, estamos cheios de ideias feitas acerca da cidade e das pessoas que aqui vivem, fruto de conversas com amigos e de pequenas estadias por cá. Veremos então o que o Porto nos reserva.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O início

Chegámos ontem. Cansados. Atravessámos finalmente o rio.

Outra casa para habitar. Sim, já vamos na quarta e as nossas mudanças são tema de alegres discussões entre amigos e familiares. Obrigada Joana, Pedro, André, Miguel, Clara, Julieta, Pai, Mãe e Mana. Ficam a saber que carregaram nada mais nada menos do que 88 caixotes (mal contadas por baixo) com os vestígios materiais de cinco anos de vida partilhada. Quantos serão daqui a quatro anos?