quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CHOCALHEIRO DA BEMPOSTA



Faz parte das Festas de inverno de Trás-os-Montes e ainda não tinhamos visitado a Bemposta. Dia 1 de Janeiro lá fomos com dois objectivos em mente: o Chocalheiro da Bemposta e a intervenção de Pedro Cabrita Reis na barragem da Bemposta.
Quanto ao primeiro tenho a confirmar que estas máscaras são de facto algo de especial, sobretudo quando se enquadram neste conjunto de festividades bem marcadas no espaço e no tempo. Engraçado como a máscara (que esconde) define uma cultura (vulgo identidade).
Uma passagem por Tó ainda nos deixou assistir ao final do leilão e aquecer um pouco o corpo nos restos do madeiro ao som do tradicional trio: gaiteiro, caixa e bombo.
Quanto ao segundo várias considerações de podem tecer. Gostei do trabalho de Pedro Cabrita Reis desde que me cruzei com ele na minha passagem pela Ar.Co em meados da década de 90. A abordagem que faz ao espaço é interessante e sobretudo faz-nos aperceber que ele (espaço) existe, mesmo quando já nos tinhamos esquecido de alguns. No entanto, a intervenção na Bemposta é ambigua. Não posso dizer que odeio, nem posso dizer que gosto.
Ao contrário da explicação que foi dada pelo mecenas (homenagem aos verdadeiros construtores da barragem frequentemente esquecidos em obras desta envergadura) o modo como aquele amarelo corta a paisagem acho que me diz "estão a ver como este maciço de betão, que até já estava disfarçado pela passagem de décadas, se impõe MESMO na paisagem e alterou tanto este canto esquecido por todos. Vejam só o verdadeiro impacte do que fazemos!".
Independentemente das outras questões que a intervenção levanta (e são muitas) quero acreditar que Cabrita Reis quis pôr-nos a pensar sobre a dimensão dos nossos actos e sobre a crença do domínio sobre o meio. E é isso que a arte deve fazer. Pôr-nos a pensar e a sentir. É isso que é boa arte!